Entrevistador: Estamos com Alex Crivier, autor do polêmico livro (e bota polêmico nisso!) “A Revolução do Cê asterisco”, lançado recentemente pela Break Point Editora. Tudo bem, Crivier?
Alex Crivier: Tudo. Pode falar o título como você o entendeu. Somos adultos.

Entrevistador: Ok. Então aí vai, sem papas na língua: não acha que “A Revolução do Cu” é um título muito chulo?
Alex Crivier: Sem dúvida que é.

Entrevistador: Então por que o adotou?
Alex Crivier: Você teve oportunidade de ler o livro?

Entrevistador: Li e confesso que ainda estou digerindo. Tem muita coisa ali, hein?
Alex Crivier: Pois é. Tendo lido, você acha que caberia outro título?

Entrevistador: Pra ser sincero, acho que realmente nenhum outro título faria jus ao enredo.
Alex Crivier: Então... apesar do título, não é uma obra rasteira. E o título é quase que reivindicado pelo personagem principal. Eu não poderia traí-lo.

Entrevistador: Mas um título desses traz inúmeros desafios; eu diria mesmo que traz é um monte de riscos.
Alex Crivier: Muitos. Ser interpretado como “putaria gratuita”, como já ouvi, é um deles. E há riscos inclusive quanto à questão comercial, já que a mídia tradicional não sabe sequer como lidar com isso. Mas a maior dificuldade é com relação à ambiguidade.

Entrevistador:Ambiguidade?
Alex Crivier: É. Qualquer pessoa mediana intui imediatamente que o livro trata de sexualidades...

Entrevistador: ...mas é muito mais que isso, eu tenho que pontuar...
Alex Crivier: Muito mais, mas não dá pra saber, só pelo título, que o livro também trata de biologia, genética, mutações, metafísica, teorias conspiratórias, polêmicas, especulações filosóficas e ficcionais, se é pró-héteros, pró-homos, ou só uma avacalhação. As pessoas ficam em dúvida.

Entrevistador: Acha que as pessoas verão o livro como homofóbico?
Alex Crivier: Se lerem com atenção, não. Defender a heterossexualidade não é homofobia.

Entrevistador: Mas então por que o personagem principal é tão virulento?
Alex Crivier: Ele precisava ser intenso. Um dos objetivos do livro é desmontar a atual imagem glamourizada do homossexual, que a mídia tem se esforçado pra fixar na mente das pessoas.

Entrevistador: E por que isso é ruim?
Alex Crivier: Porque induz as gerações mais novas a acreditarem que a condição homossexual é algo a ser alcançado, algo sublime, que levaria a um patamar mais elevado, e isso não é verdade.

Entrevistador: No livro você expõe com muita, digamos, crueza, algumas circunstâncias. Era necessário?
Alex Crivier: Eu mostrei os fatos com a crueza que lhes é inerente. A intensidade do lobby gay está tão forte que até o próprio homossexual de hoje se convenceu de que o é, não por ter nascido assim, mas porque escolheu sê-lo, e isso é um tremendo engano, com consequências drásticas para a sociedade.

Entrevistador: Pode explicar melhor?
Alex Crivier: Ao se apresentar como alguém que é daquele jeito porque quer, essa pessoa desperta o repúdio dos héteros. Enquanto condição inescapável, a homossexualidade pode requerer seu espaço na sociedade contemporânea sem grandes problemas, reivindicando o respeito à diversidade humana. Porém, ao ser colocada como ideologia, como modelo a ser seguido, destrói a possibilidade de harmonia com os Héteros simplesmente por afrontar a essência destes.

Entrevistador: O que o levou a escrever o livro?
Alex Crivier: Eu estava procurando na internet por um conto do poeta Carlos Drummond de Andrade, quando me deparei com uma entrevista que ele havia concedido a uma pesquisadora em 1984. Drummond, na minha opinião, não é só o maior poeta brasileiro, mas também o escritor mais sábio que já existiu. E a entrevista era sobre a quase total ausência do tema homossexualidade na obra dele. Lá, em 1984, ele disse sem pestanejar: “...não me sinto à vontade diante de um homossexual...”. Pensei comigo: se ele dissesse isso hoje, seria esculachado pela mídia e processado.

Entrevistador: Então...
Alex Crivier: Descobri que estamos amordaçados. Percebi que, como eu, as pessoas que se sentem desconfortáveis com o comportamento gay, não mais podiam dizê-lo. E isso passou a ser constrangedor.

Entrevistador: Por quê?
Alex Crivier: Porque agora estão em todo lugar, em proporções alarmantes.

Entrevistador: Alarmantes?
Alex Crivier: Veja bem: não estamos falando do aumento da quantidade de pessoas que saíram do armário. Estamos falando do gigantesco aumento do percentual de homossexuais na população mundial. Qualquer um com um mínimo de inteligência irá se perguntar: o que está acontecendo?

Entrevistador: Eu li o livro. E realmente comecei a me preocupar. Tanto que passei a pesquisar muito sobre o assunto. Se o livro repercutir com a mesma intensidade da polêmica que traz, você tem receio da fama?
Alex Crivier: Não quero a fama. O mensageiro não é importante, só a mensagem.

Entrevistador: Quem é Alex Crivier?
Alex Crivier: Ninguém especial. As pessoas acham que os escritores devem ser grandes eruditos. Drummond, por exemplo, era funcionário público, não um filósofo. Não creio que a erudição seja condição “si ne qua non” para a escrita. Acredito na curiosidade e na imaginação como motores do escritor que almeja contar uma boa estória. Como o gaúcho Mario Quintana, “eu nada entendo da questão social, eu faço parte dela, simplesmente...”.

Entrevistador: Gostaria de dizer algo às pessoas que vierem a nos ouvir?
Alex Crivier: Nunca julguem um livro pela capa. (risos)

Entrevistador: Obrigado Alex.
Alex Crivier: Eu que agradeço.